As campanhas de angariação de clientes para as várias operadoras de televisão não param. Seja a concorrência a tentar captivar-nos com preços mais atractivos e ofertas adicionais, seja a nossa operadora a tentar manter-nos presos a ela. Ver ou não ver televisão, que é como quem diz, contratar um serviço de televisão paga nos dias que correm e na minha actual situação, é ou não um bom negócio?
Vivemos numa sociedade consumista, onde quem não tem, quem não está ou quem não usa, não existe. Se não temos conta no facebook, somos logo bombardeados com inúmeras perguntas e olhares de espanto como se tivessemos acabado de aterra de outro planeta. Se só temos quatro canais, devemos ser pessoas muito pouco cultas e desinformadas. Se não estamos neste ou naquele evento, é porque não temos vida social ou não somos importantes, logo, "não existimos".
Nas minhas andanças pelo Pinterest (lembram-se de ter referido aqui que estou viciada nesta rede social? Se ainda não conhecem, dêem uma espreitadela, é fantástica) em muitos dos posts - americanos - com truques para poupar no final do mês encontrei a referência a desistir da televisão por cabo ou, pelo menos, a reduzir o valor do pacote, contratar menos canais ou menos serviços.
Confesso que não sei como funciona o serviço de televisão por cabo nos Estados Unidos, mas o meu primeiro pensamento foi: "É impossível fazer isto em Portugal". Principalmente depois da entrada da TDT - Televisão Digital Terrestre - em Portugal, que prometia mundos e fundos e deixou centenas ou milhares de pessoas sem acesso, ou com acesso deficitário, aos cinco canais de televisão emitidos em sinal aberto. Além disso, em Portugal, ter só televisão fica quase tão caro como optar pelas propostas designadas como triple play - televisão, internet e telefone - ou as mais avançadas, que incluem o telemóvel e, em alguns casos, a internet de banda larga. E depois, preciso de internet com qualidade, por motivos profissionais.
Mas ainda há quem, em Lisboa, não tenha televisão por cabo e se governe com os cinco canais. É o caso de uma amiga que passava tão pouco tempo em casa - fruto da actividade profissional - que não tem nenhum desses serviços contratados. E agora que ficou desempregadã não tenciona aderir a eles.
Ter recebido chamadas das operadoras a tentarem vender-me os seus serviços e de forma agressiva - só ao terceiro não é que o senhor lá se convenceu de que era mesmo não -, a situação da minha amiga e a minha própria situação fizeram-me pensar sobre isto esta manhã e tomei uma decisão: vou cancelar o serviço de televisão por cabo que subscrevo, afinal, dos 140 canais que tenho, vejo um total de 10 ou 15, se vir. Sei que, mentalmente, vai ser uma luta, porque a tendência é para oensar sempre "e quando quiseres ver aquele documentário" ou "aquele filme" ou "aquele programa", como é que fazes? Da mesma forma que fazia antes, não via porque, simplesmente, essa vontade nunca me deu.
Já repararam que nos agarramos aos tais 140 canais como se fossem imprescindíveis e não pudessemos viver sem eles quando, na realidade não conhecemos mais de 1/3 deles? Seja honesta/o consigo mesma/o: quantos canais de televisão vê dos que tem disponívies? Já parou para pensar nisso? E sabe quantas horas de televisão vê por dia ou semana? De acordo com um estudo recente, vemos uma média de 3,1 horas de televisão diárias e a 1,5% dos portugueses vêem televisão e navegam na internet simultaneamente - culpada, confesso. Por 93 horas de televisão por mês, vale mesmo a pena pagar 50€ - isto sou eu a ser simpática, porque muitos pacotes utrapassam largamente este valor - à operadora?
É claro que desistir de um contrato de televisão por cabo é uma decisão radical e difícil de fazer, principalmente para quem tem filhos e marido que gostam de determinados canais de televisão e não abdicam deles, mas para quem só tem de se preocupar consigo - que é o meu caso - a decisão torna-se mais fácil, ainda que difícil na mesma. Eu ainda sou do tempo em que só havia dois canais de televisão e as horas eram passadas na rua a brincar. E só quando me mudei para minha casa é que passei a ter todos os canais de televisão disponíveis porque em casa dos meus pais só havia quatro canais. Se vivi bem só com quatro canais até aos 27 anos, porque razão não hei-de continuar a viver?
Esta necessidade que nos foi criada de ter cada vez mais canais de televisão que não nos servem para nada só aumenta o nosso sentido consumista, queremos sempre mais, nunca estamos satisfeitos ou saciados. Somos assim com os equipamentos, com os serviços, com as pessoas. Estamos a cultivar seres eternamente insatisfeitos porque a sociedade nos incentiva a querer sempre mais e mais bens, mas o que devemos querer mais e mais é paz de espírito e liberdade. No meu caminho para uma vida mais frugal e economicamente saudável, vou cancelar o meu serviço de televisão por cabo.
Mas isto não significa que vou deixar de ver televisão. Eu sou louca, mas não tanto, ok! Então como é que vou fazer para ver televisão? Além de se poder ver alguns programas das televisões nacionais nos seus sites, existem muitos sites que disponibilizam televisão online. Mas, no meu caso concreto, e uma vez que a internet é imprescindível para eu trabalhar, vou fazer um upgrade à minha banda larga e passo a poder ver cerca de 70 canais no meu pc.
Para quem não sabe, as pen de banda larga da Meo permitem ter acesso ao serviço de televisão por mais 8€ por mês. Antigamente, o serviço já fazia parte do tarifário das pen e incluia mil horas de televisão - foi a solução encontrada para o meu namorado ter televisão em casa na altura em que procurámos algo sem fidelização - mas fazendo pesquisa no site percebe-se que a estratégia da empresa mudou e agora paga-se. Isto significa que vou deixar de ter acessos aos TVCine - que não pago actualmente - os quais para mim só têm uma vantagem, que é o facto de terem filmes que não são mainstream, como cinema francês, espanhol, belga, iraniano, etc.
Vamos a contas: actualmente pago cerca de 45€ pelo meu serviço de televisão, internet e telefone e pago 7,7€ de internet de banda larga (valor aplicado a profissionais), isto dá um total de 52,7€ mensais e 632,4€ anuais. Se cancelar o meu serviço de televisão e mudar o meu tarifário de banda larga para um com 15gb - assumindo que o desconto aplicado a profissionais é o mesmo e que me deixam mudar, porque há sempre essa questão - passo a pagar, mensalmente pela internet, cerca de 16€ ou, se mudar para o tarifário de 30gb, cerca de 20€. A estes valores acrescem os 7,99€ para ter acesso à televisão. No primeiro caso passaria a gastar, anualmente, pelo serviço de banda larga e televisão, 288€, e no segundo caso 335,88€. Ou seja, na pior das hipóteses, poupo 296,52€ e na melhor das hipóteses poupo 344,4€. Isto é muito euro!
Poderia não fazer alterações à minha banda larga e continuar a pagar apenas 7,70€ e adicionar só a televisão, por mais 7,99€ por mês - o que dava um total mensal de 15,69€ e anual de 188,28€, menos 444,12€ do que aquilo que pago agora - mas o plafond de internet disponível no meu tarifário actual não supre as minhas necessidades profissionais, pelo que teria sempre de o aumentar. Por outro lado, e uma vez que os meus pais têm Meo, posos subscrever o serviço Meo Go Multi por apenas 4,99€ por mês.
Assim, refazendo as contas: banda larga 15gb por 16€ + 4,99€ televisão = 20,99€ mês / 251,88€ ano; banda larga 30 gb por 20€ + 4,99€ = 24,99€ mês / 299,88€ ano. No final, poupo mais de metade do que aquilo que gasto actualmente. E tenho a vantagem de não ter fidelização, ou seja, posso cancelar o serviço de televisão a qualquer momento.
Actualmente já tenho fibra da Vodafone disponível onde moro, o que significa que posso subscrever os serviços deles por 26€ por mês. Mas a isso teria de somar os 7,7€ da internet de banda larga, o que significava pagar 33,7€ mês por ambos os serviços. Ainda assim, esta opção representa uma economia de cerca de 11€ por mês, o que no final do ano se traduz em menos 135,6€, mas implica uma fidelização de 24 meses, que não sei se me interessa, confesso.
E o leitor, já fez as contas a quanto pode poupar se fugir da oferta tradicional de serviços?
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