Como pagar as dívidas e sentir-se bem ao fazê-lo

A maioria de nós sonha com no Euromilhões e a possibilidade de, assim, se livrar das dívidas e ajudar a família e os amigos. Mas enquanto o chorudo prémio não sai, existem outras coisas que podemos fazer para pagarmos as nossas dívidas.

 

 

Com o aproximar do fim do mês a vontade que temos de abrir a caixa do correio ao chegar a casa vai sendo cada vez menor à medida que aumenta a probabilidade de encontrarmos correspondência de empresas que gostam de nos escrever todos os meses: a da água, a da luz, a do gás, a do telemóvel, a da televisão, a do cartão de crédito e por aí adiante.

 

Em muitos casos, a conta mais temida acaba por ser a do cartão de crédito, instrumento que utilizamos para fazer face às despesas quando o ordenado não chega. E quando temos mais do que um cartão de crédito para pagar, o caso piora ainda mais. Como fazer para nos livrarmos deste ciclo vicioso?

 

Além de criarmos um fundo de emergência para fazer face a despesas inesperadas ou a um revés - como uma doença súbita incapacitante ou o desemprego, por exemplo -, como referi neste post, o Dave Ramsey, o tal guru da economia americano, criou aquilo a que chama "método bola de neve", que é o segundo passo a dar na sua teoria dos sete passos para atingirmos a paz financeira.

 

O método bola de neve assenta na premissa de que, ao pagarmos uma dívida ficamos mais motivados para pagarmos as restantes e, com isto, evitamos cair novamente em créditos e dívidas que se arrastam por meses ou mesmo anos. Assim, para começar a motivar-se, deverá pagar totalmente o cartão de crédito - ou a dívida - que apresente um menor valor, e pagar o mínimo exigido nas restantes.

 

Porque é que este método é mais eficaz do que ir pagando todos os meses o mínimo em todas as facturas dos cartões de crédito? Porque se pagasse o mínimo exigido em todas as dívidas, nunca mais veria o fundo do túnel e poderia ficar desmotivado em relação à liquidação das suas dívidas, mas ao libertar-se de uma delas vai ganhar impulso para se livrar das outras, além de poder canalizar o valor - que usaria para pagar o mínimo desse cartão - para as restantes.

Outra alternativa a este método é começar por pagar a dívida que apresente um valor mais elevado no que diz respeito à cobrança de juros. A opção é sua mas só a poderá tomar depois de conhecer todas as suas dívidas e a percentagem de juros que cada instituição cobra por cada uma delas. Se vir que não consegue resolver a coisa desta forma, sugiro que procure uma empresa especializada e faça uma consolidação de dívidas. Não espere até ser demasiado tarde.

 

Pode recorrer ao Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado, da Deco - Associação de Apoio ao Consumidor, por exemplo, mas existem outras opções, como a Apoiare, uma associação sem fins lucrativos que tem como principal objetivo ajudar os cidadãos com problemas de endividamento a terem acesso a técnicos especializados, que os ajudem a resolver os problemas; ou o GOEC – Gabinete de Orientação ao Endividamento dos Consumidores que nasceu de um protocolo entre o Governo e o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), que presta aconselhamento e apoio no recurso ao crédito e na recuperação de situações de insolvência.

 

Além destas entidades, poderá ainda solicitar ajuda aos Gabinetes de Apoio Técnico - GAT do portal de Reestruturação, Recuperação e Insolvência de Empresas e Pessoas Singulares, existentes em Lisboa, Porto e Faro; ou a Fundação Agir Hoje, uma instituição particular de solidariedade social que coloca o enfoque no indíviduo e não na dívida.

No meu caso concreto, em Dezembro, por estar fora, acabei por não fazer o pagamento mínimo de um dos cartões de crédito e saiu-me o valor todo da conta. Foi um rombo, é verdade, dava-me imenso jeito ter esse valor disponível, mas já está pago, é menos uma dívida. Agora é avançar para outro cartão de crédito, o que tem menor valor, e tentar liquidá-lo o mais rapidamente possível de modo a ficar apenas com um, que irei pagando em tranches mais ou menos volumosas, consoante corram as coisas. Para o fim fica a dívida aos pais, que felizmente não acumula juros e pode ser paga depois de todas as outras, mas não convém abusar.

 

Que método prefere usar para liquidar as suas dívidas: bola de neve ou começar pelo que tem os juros mais altos? Quais as suas técnicas para liquidar dívidas?