Hoje foi dia de ir ao médico. Apesar de a consulta ter sido com o médico de família é paga na mesma, e o dinheiro disponível não é muito, como já contei. É precisamente para este tipo de evento que serve o fundo de emergência.
Quem tem pais e avós que guardam dinheiro nos sítios mais estranhos diga eu. Eu! Aposto que os vossos pais e avós também o fazem, vocês se calhar é que nunca deram por isso. É o envelope costurado na fronha da almofada, é o dinheiro a servir de espuma no colchão, é o cofre escondido atrás do móvel de mogno pesadíssimo da sala, é o talego aconchegado entre os fardos de palha dos animais ou debaixo de uma tábua solta no chão. Nos filmes até vemos os actores a esconderem dinheiro dentro do congelador ou por detrás do autoclismo. É dinheiro que só vão buscar em caso de extrema necessidade.
Com a crise financeira e os bancos a implodirem, muitos foram os portugueses que optaram por levantar as suas parcas economias e por esconde-las em locais onde, provavelmente, os seus herdeiros nunca sonharão que o dinheiro está e só com muita sorte - caso o proprietário legítimo fique impedido de revelar o local - darão com ele. Mas muitos resistem e mantém o seu dinheiro no banco, abrindo contas-poupança para "um dia de chuva": o chamado fundo de emergência.
Mas, afinal, para que serve este fundo? Este fundo pode ser utilizado para pagar aqueles seguros anuais, como o carro, a casa, o seguro de acidentes de trabalho - obrigatório para quem é profissional liberal, mas também pode ser utilizado para fazer face a um imprevisto, como um problema com o carro, com o computador, uma doença súbita que acarreta despesas médicas inesperadas e, às vezes, avultadas, uma situação de desemprego, etc. Como não tenho fundo de emergência - ainda - tanto a consulta de hoje como os exames médicos a realizar serão pagos pela conta corrente.
Quando temos pouco dinheiro e dívidas para saldar, colocamo-nos a questão sobre o que fazer primeiro: criar um fundo de emergência ou pagar as dívidas? Para mim, a resolução desta equação é tão difícil como saber quem veio primeiro, se o ovo se a galinha. O guru americano da poupança, o motivador que ajuda todos os americanos a sairem do ciclo vicioso, um senhor chamado Dave Ramsey de quem a maior parte dos blogues americanos fala, aconselha a começar por criar o fundo de emergência e só depois atacar as dívidas.
Vamos então deixar de pagar as nossas dívidas? Não. E pagar o mínimo também não é solução para muitas pessoas, uma vez que os juros cobrados sobre o valor em falta acabam por anular, parece-me, o efeito da poupança para o fundo de emergência. Por outro lado, não constituir o fundo de emergência vai levar a que, numa situação de imprevisto, acabe por recorrer ao crédito para a resolver. É uma pescadinha de rabo na boca que não é fácil de resolver. Como é que fazemos, então?
Eu estou a tentar fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Por um lado, através do sistema de poupança de que falei neste post estou a colocar dinheiro de lado para constituir o tal fundo de emergência, que daqui a um ano terá, espero, 1378€. Pelo meio tenciono accionar outros sistemas de poupança que ajudarão a engrossar aquele fundo - sonhar não custa. Por outro lado, estou a tentar livrar-me das dívidas dos cartões de crédito através de um sistema inventado pelo Dave Ramsey, de que falarei noutro post.
Se conseguir ir criando um fundo de emergência à medida que vai pagando as suas dívidas, óptimo. Se não o conseguir fazer, analise muito bem as suas dívidas e pondere por onde começar: se pela criação do fundo de emergência se pela liquidação das dívidas. O ideal, para mim, é ir fazendo as duas coisas ao mesmo tempo, mas eu sou louca e percebo pouco disto, eheheheh.
O que acha preferível fazer primeiro: constituir um fundo de emergência ou limpar as dívidas todas? Partilhe a sua opinião.
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