quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Como dar cabo da vida a um freelancer num minuto

E quando num grupo de partilha de opiniões e de trabalho, no LinkedIn, encontramos alguém que se presta a destruir o mercado de trabalho só porque quer viajar de graça, o que fazemos?

Respondemos à solicitação da dita pessoa, desancando-a! Lamento, mas é por indivíduos deste género que profissões como a de fotógrafo, jornalista, designer, tradutor, entre outras são mal pagas e desconsideradas. Quantos não ouviram já argumentos como "tanto? o meu amigo tem uma máquina fotográfica e faz umas coisas e não leva tanto dinheiro" ou "a minha prima percebe umas coisas de inglês e faz umas traduções"?
 
Uma das maiores dificuldades que os profissionais liberais encontram é a valorização monetária do seu trabalho. Há quem valorize aquilo que fazemos mas queixe-se de não ter dinheiro porque a crise acabou por ser muito dura e quer comprar por meia dúzia de trocos aquilo que, em condições normais, seria pago a peso de ouro - ou quase. Infelizmente, a crise dói à grande maioria e estes papalvos acabam por se aproveitar da necessidade das pessoas - sim, porque todos temos contas para pagar e temos de comer - que, pressionadas para arranjarem alguns trocos, vão prostituindo o seu trabalho, sem desprimor para as senhoras da vida.
 
Mas quando são os próprios trabalhadores a oferecerem-se por meia dúzia de patacas, torna-se criminoso. Dizia este indivíduo, canadiano, num grupo onde são anunciadas propostas de trabalho a nível mundial, que estava disponível para escrever para revistas e jornais sobre viagens, que já tinha estado na Europa, Ásia e América. quando um fotojornalista lhe disse que dificilmente arranjaria algum jornal ou revista que lhe pagasse para isso, a resposta do senhor foi simplesmente que não estava preocupado com isso, porque não vive da escrita. 
 
E continuava a dizer que a única coisa que lhe interessava era ver os seus artigos publicados e assinados, porque caso o fotojornalista não saiba, existem várias oportunidades para bons escritores acompanharem visitas de imprensa destinadas a trabalhos da área do turismo, inteiramente pagas pelos promotores. Ou seja, a única coisa que o senhor quer é viajar à pala.
 
Passei-me! Respondi ao senhor que era esse tipo de atitude que dava cabo do mercado de trabalho e que se ele não vive da escrita, há muita gente que vive e para andar a viajar à pala não tem de andar a dar cabo da vida de meio mundo, baixando a procura e os preços do mercado. É que se os editores podem ter o leite de graça não vão pagar pela vaca, não é?
 
O mais engraçado é que em todos os textos em língua inglesa que li sobre como ganhar mais dinheiro a trabalhar a partir de casa ou trabalhos secundários que podem ser feitos está contemplada a actividade de escritor freelancer, como se escrever estivesse ao mesmo nível de limpar uma casa. Que me perdoem as empregadas domésticas mas não preciso de um curso superior para limpar sanitas, mas para exercer a minha profissão tive de estudar e formar-me, o que custou tempo, empenho e dinheiro. E depois vêm estas pessoas que só querem borlas dar cabo do mercado de trabalho a quem vive dele. É como os pseudo-bloggers de moda que só escrevem para terem produtos à borla e irem a festas, dando má fama a todos, porque acaba por levar tudo por tabela, é a teoria do "paga o justo pelo pecador".
 
E assim se dá cabo da vida e do ganha-pão de um freelancer, em nome de umas quantas viagens de borla. Haja pachorra.
 
Na sua actividade profissional já viu este tipo de atitude ou já se sentiu prejudicado por este tipo de pessoa? Partilhe a sua experiência.
 
 
 
 
 

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