Já é domingo outra vez o que, para mim, significa
fazer a ementa semanal. No domingo passado falei de como pensar na ementa
semanal permite-nos variar nos pratos que fazemos e evitar a monotonia,
colocando os livros e revistas de receitas que todos temos em casa ao nosso
serviço.
Se a primeira razão/vantagem para fazer a ementa
semanal não foi suficiente para o/a convencer a adoptar esta prática, aqui fica
outra: fazer a ementa semanal ajuda a evitar o desperdício de comida porque, muitas
vezes, não fazemos ideia do que temos na despensa e no congelador/arca frigorífica
e os produtos acabam por passar de prazo. Ao decidir com antecedência o que vai
preparar nessa semana estará a dar privilégio aos alimentos que tem em casa há
mais tempo e a evitar que os mesmos terminem no lixo.
De acordo com o Projeto de Estudo e Reflexão sobre
Desperdício Alimentar (PERDA), os consumidores portugueses mandam para o lixo,
anualmente, 324 mil toneladas de comida, o que representa milhares de euros que
estamos, literalmente, a deitar fora. Este estudo, que revela que Portugal
manda para o lixo cerca de um milhão de toneladas de alimentos, afirma que são
as famílias com filhos que mais alimentos desperdiçam.

Fazer a ementa semanal em família, envolver os mais
pequenos na elaboração da ementa e na confecção das refeições é uma forma de
ajudar a reduzir o desperdício, reforçar os laços familiares e educar para a
cidadania, afinal, existem milhares de crianças que todos os dias morrem à fome
nos países sub-desenvolvidos e nós andamos a deitar comida fora. Se não
mudarmos isto pela imoralidade do acto, que seja pelos euros que desperdiçamos
todos os dias.
O estudo refere ainda que, em Portugal, o que mais
se desperdiça são frutas, produtos hortícolas e pão, mas também carne e peixe. Vá
dar uma vista de olhos no seu frigorífico agora e veja o que tem lá que vai
acabar por deitar fora. Eu já vi o meu e fiquei horrorizada. E você? Fazer a
ementa semanal ajuda-nos a reduzir em muito este desperdício, até porque o
primeiro objectivo da ementa semanal é ajudar-nos a poupar ao usar o que temos
em casa de forma criativa, em detrimento de comprar produtos novos para
cozinhar.
Assim, antes de fazer a ementa semanal, faça um levantamento de tudo o que tem em casa no que diz respeito a comida. Agarre em papel e em caneta e faça o inventário da sua despensa, apontando quantidades e datas de validade. Faça o mesmo para o frigorífico, para o congelador/arca frigorífica e para o armário dos molhos e temperos.
Feito isto, será que deve deitar fora os alimentos que já passaram do prazo de validade? No que diz respeito a massas, arrozes, enlatados, bolachas, farinhas, temperos variados, óleos, queijos pasteurizados e/ou curados, enchidos, etc., confesso que ligo muito pouco ao prazo indicado como "best before" ou "consumir de preferência antes de". As palavras-chave aqui são o "de preferência", como revelam alguns especialistas. Isto significa que o alimento não se vai estragar automaticamente - como as indicações dadas na série "Missão Impossível", que se auto-destruíam em cinco segundos - às 00h do dia seguinte ao prazo indicado.
Se os alimentos estiverem correctamente acondicionados e não apresentarem alterações de cor, aspecto e odor, não os deito fora. Isso já não acontece com os produtos frescos, os chamados perecíveis. Aí já não há volta a dar e vão mesmo para o lixo se apresentarem alterações visíveis, não os deito fora apenas porque a embalagem em que vieram diz que já não estão consumíveis. Sou também cuidadosa com os iogurtes, mas sei bem que o prazo indicado na embalagem não é uma sentença de morte para o iogurte e existem características que indicam se o mesmo está ou não em condições, como a tampa do mesmo. Em Espanha, por exemplo, os iogurtes deixaram de ter prazo de validade.
Agora que já sabe tudo o que tem (e o que não tem e se calhar ainda não se tinha apercebido que faltava), agarre nos livros de receitas que tem em casa e procure as que mais lhe agradam para gastar os produtos que estão quase em fim de validade, ou que já a ultrapassaram e têm o que o meu namorado chama de "data de nascimento".
E o leitor, costuma utilizar alimentos/produtos que já ultrapassaram o prazo de validade ou deita tudo fora?
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