Muitos portugueses - os que trabalham na função pública - já receberam, mas muitos milhares vão receber só amanhã ou até na próxima semana. Mas quantos de nós, quando recebem, pagam-se a si primeiro, antes de pagar as contas?
Esta noção pode parecer estranha, afinal, o nosso ordenado já é... o nosso ordenado! Mas é o ordenado que recebemos do nosso patrão, é o preço - nivelado muito por baixo, na maioria dos casos - do nosso trabalho. Lembro-me de ter lido há largos meses - senão anos - que o salário que recebemos representa apenas uma pequena percentagem daquilo que damos a ganhar à empresa onde trabalhamos. Afirmação que sustenta a tese de que ninguém enriquece a trabalhar para os outros.
Contudo, esta ideia de, quando recebemos, tirarmos "o nosso salário" foi algo com que me deparei nas minhas incursões pelo Pinterest - já expliquei aqui que estou viciada nesta rede social - e que me deixou a pensar. A verdade é que a primeira coisa que faço quando recebo é pagar as contas. O meu ordenado é mais rápido a desaparecer do que o Houdini, tal é a velocidade a que ele entra e sai da minha conta. Aliás, já apelidei a minha conta de buraco negro, tudo o que lá cai, foi-se.
Para conseguir poupar alguma coisa abri uma outra conta para onde desvio todos os extras que faço, e na conta "corrente" entra só o dinheiro do ordenado, que entretanto também vou deixar de receber- ou, melhor, vai ser substituído por outro que eu não sou mulher de ficar à espera que as coisas caiam do céu e a única razão pela qual não me candidatei já às ofertas de emprego de que falei aqui ontem é porque vou estar fora o mês todo, senão já tinha enviado curriculos para tudo quanto é sítio.
Voltando à ideia do pagarmo-nos primeiro assim que recebemos o ordenado do nosso patrão, será assim tão descabida? Afinal, quem é que nos paga pelo trabalho que fazemos em casa diariamente? Quem é que nos paga por limparmos, cozinharmos, passarmos a ferro e mantermos a casa em ordem? Ninguém. Mas isso é trabalho e, como tal, devia ser remunerado. Se ninguém nos paga, temos de ser nós a pagarmo-nos a nós mesmas.
Esta ideia deixa-me apenas uma dúvida: qual é o valor que nós nos atribuímos como salário? Eu confesso que o valor que acho que mereço é bem superior ao que entra em caixa, o que é imprativável. Assim, devemos encontrar um valor que seja confortável para nós e retirá-lo antes de pagarmos as contas. Com esse dinheiro podemos fazer uma poupança para um objectivo específico ou destiná-lo a gastos pessoais que não entrem no orçamento mensal, mas que devem ser rastreados. Neste último caso, devemos adoptar a política de quando o dinheiro acaba, acabaram-se os gastos.
Confesso que é um conceito que ainda tenho de trabalhar na minha cabeça, até porque o montante deixa-me com dúvidas sobre que valor retirar como "salário", mas conto começar a adoptar esta política dentro em breve. Só não o faço este mês porque, tratando-se de um mês atípico, por ir viajar, e não fazendo ideia do que vou receber na sexta - ou sequer se vou receber - torna-se complicado começar a pagar-me à cabeça. Mas quando o fizer, venho partilhar a experiência.
Alguma vez pensou em pagar-se primeiro, antes de pagar as contas? Faz-lhe sentido esta noção? Partilhe as suas opiniões nos comentários.
Sem comentários:
Enviar um comentário