sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Avalanche de dívidas

Há vários meses que tinha um vídeo para ver, mas ainda não tinha conseguido arranjar tempo para isso. Decidi vê-lo esta semana, finalmente. Chama-se "Spent: Lookingo for Change" e é um documentário sobre o problema que milhares de americanos, e porque não dizê-lo milhares de portugueses, enfrentam todos os meses: a falta de dinheiro para fazer face às despesas.

O documentário relata a história de quatro famílias: uma jovem empreendedora que luta para fazer prosperar o seu próprio negócio sem possibilidade de acesso a qualquer crédito, um jovem casal à procura de quem lhes venda uma casa sem olhar para a pontuação do seu crédito (uma modalidade que, creio, não existe em Portugal) mas tendo em conta a sua realidade actual, uma mãe solteira em busca de um trabalho depois de ter gasto todas as suas economias para dar apoio à sua mãe com cancro, e uma família que foi abalada por problemas de saúde graves.
 
Uma coisa que tenho visto em muitos dos sites que tenho consultado, com sugestões de como poupar e pagar as dívidas, é que nos Estados Unidos existe uma coisa chamada credit score (em tradução literal dá algo como pontuação do crédito), que define se somos ou não elegíveis a contrair um crédito. Ou seja, é através desta pontuação que as instituições bancárias verificam se somos um risco ou não no que diz respeito a emprestarem-nos dinheiro. E esta pontuação é dada com base na utilização que os americanos fazem dos cartões de crédito.
 
Em Portugal, que eu saiba (corrijam-me se estiver errada), não existe este sistema. Contudo, antes de nos emprestar dinheiro, o banco analisa a relação que temos com o mesmo e vai ver se fazemos parte da lista negra do Banco de Portugal. Estas regras menos restritas de aquisição de crédito permitiram, e permitem, que consigamos aceder a empréstimos, seja através de um banco seja através de uma instituição de crédito.
 
Volta e meia recebo em casa cartas de instituições de crédito a oferecerem-me condições especiais de acesso a valores que não solicitei, num incentivo à aquisição de crédito para satisfazer "os meus sonhos". Mas, como se percebe neste documentário, muitas vezes esses sonhos tornam-se em pesadelos, porque nem sempre conseguimos liquidar a totalidade do empréstimo e vamos acumulando juros sobre o valor utilizado, seja neste tipo de empréstimo seja na utilização de cartões de crédito. E os juros não são nada pequenos.
 
Como solução, algumas pessoas contraem um outro empréstimo para pagar as dívidas que têm e ficarem a dever apenas a uma instituição. Esta solução pode não ser a melhor se as taxas associadas ao empréstimo forem muito elevadas, pelo que convém pensar sempre muito bem antes de escolher este caminho.
 
Uma das coisas que o documentário mostra é que nem sempre nos preparamos para as surpresas da vida. A mãe solteira até tinha bastantes poupanças, mas o seu plano de dar apoio à mãe durante um ano e depois regressar ao mundo do trabalho não correu como previra e acabou por ter de usar todo o dinheiro que tinha poupado para conseguir sobreviver. Já o casal com filhos não tinha poupado para a eventualidade de alguém ter uma doença grave na família, e como se não bastasse o filho ser autista ao pai foi diagnosticada esclerose múltipla, o que o incapacitou para o trabalho.
 
Por outro lado, a jovem que luta pela sua empresa luta também para pagar o empréstimo que contraiu para poder estudar, uma modalidade muito utilizada nos Estados Unidos e que chegou a Portugal há alguns anos, apesar de ainda não ser muito utilizada. Contudo, em tempos de crise, parece ser uma solução para os jovens poderem tirar uma formação superior, mas vaticina-lhes um início de vida endividados.
 
Este é, sem dúvida, um vídeo para ver e sobre o qual pensar, agora que é sexta-feira e que podemos aproveitar o fim-de-semana para planear a nossa mudança de vida.
 
 
 
O que achou do vídeo? Identifica-se com algumas das situações?

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