Modos de vida alternativa parecem, a muitos, coisa de hippies ou de seitas, mas há cada vez mais casais jovens a mudar de vida.
Comunidades como a Tamera, no Alentejo, onde vivem 170 pessoas em comunhão com a natureza são cada vez mais comuns por esse mundo fora, mas quem vive sujeito ao ritmo frenético das grandes cidades e apegado às coisas materiais olha para estas "experiências sociológicas" com desdém e desconfiança. Contudo, cada vez mais casais jovens estão a redescobrir os prazeres de viver com pouco e a vontade de regressar à terra.
Seja através de explorações agrícolas biológicas seja, simplesmente, elaborando um novo projecto de vida como o preconizado pelo projecto Novos Povoadores - que apoia famílias urbanas a instalar negócios em territórios rurais -, muitos jovens estão a olhar para o interior do país e a tentar mudar o ritmo agressivo de desertificação de que muitas regiões portuguesas padecem. E fazem-no sem quaisquer apoios estatais ao nível de infra-estruturas ou serviços, já que quase todos os dias é anunciado o encerramento de mais um serviço numa qualquer aldeia perdida.
Depois de um fim-de-semana em que regressei à terra para recarregar baterias, e de batalhar diariamente contra a sensação de impotência face a um património familiar cujo futuro é incerto - o que me deixa profundamente triste -, encontrei hoje esta reportagem, sobre um casal português que viajou pelo mundo e decidiu fixar-se na aldeia do Soajo, conhecida pelos espigueiros antigos que ainda conserva.
Vivendo com o mínimo de comodidades, este casal construiu a sua casa utilizando tendas Yurt mongóis, utiliza todos os detritos orgânicos para fazer composto, faz os seus próprios detergentes e produtos de higiene, cultiva os seus alimentos e escolheu um terreno com uma nascente, de onde obtém a água de que necessita para viver e para as suas actividades diárias. Para este casal, o importante não foi pensar onde iam "ganhar o dinheiro" mas onde iam "poupar o dinheiro".
Cada vez gosto mais deste tipo de exemplos e cada vez percebo mais que o caminho a seguir é o da frugalidade. Este tipo de história lembra-me a máxima de "amor e uma cabana". Mas não sei se conseguiria reduzir o meu consumismo a tão pouco. Quanto mais não seja, porque adoro viajar. I'm a work in progress.
O que pensa deste tipo de modo de vida? Via-se a abdicar de tudo e a ir viver para o campo com quase nada?
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