quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Há dias assim

Acordamos de manhã a tempo e horas. Não chove lá fora, o frio parece ter acalmado - percebemos isso porque não vestimos o robe assim que saímos de debaixo dos lençóis - e tudo parece ir correr bem, até que...

 
 
As coisas começam a dar para o torto! Há dias assim. Nunca tive paciência para cremes e creminhos hidratantes. Para mim era acordar, lavar a cara e já está. É claro que a minha mãe, fanática pela aparência, azucrina-me a paciência desde a adolescência para meter creme na cara. Curiosamente, comprava os cremes e só tinha vontade de os usar quando ia de férias - leva a parafernália toda dentro do nécéssaire e não usava nem metade, como boa mulher que sou.
 
Resultado, os meus cremes sempre duraram anos e anos. Bem como a minha maquilhagem, outro tipo de produto que utilizo o mínimo possível. Só de pensar que quando chegar a casa, cansada, ainda tenho de ir tirar aquela treta toda da cara, desisto ainda antes de pegar num pincel. E, assim, as minhas sombras, batons e afins - salvo raras excepções, ou seja, aquisições mais recentes - têm todas bem mais de dez anos. 
 
É que eu ainda sou do tempo em que os produtos de higiene, beleza e de limpeza não tinham prazo de validade. Mas agora, tudo tem prazo de validade. Tudo auto-destrói-se em cinco segundos assim que o dia, mês ou ano indicado na embalagem termine. Modernices ou uma forma de nos fazer gastar dinheiro com coisas supérfluas.
 
Mas, adiante. Agora que passei dos 30 - apesar de parecer ter pouco mais de 20 - convém preocupar-me mais com essas coisas mas o meu creme acabou - outro que durou uns bons dois anos - e em vez de ir a correr comprar outro - até porque quero experimentar fazer um caseiro - decidi começar a usar o creme com cor que comprei há uns anos e que usava como base nas poucas ocasiões em que me maquilhava.
 
Estava eu cuidadosamente a espremer a embalagem quando ela começa a rachar dos lados e a deixar sair creme pela fissura. Eu continuo a tentar espremer creme e a embalagem vai abrindo mais rachas. Já percebi porque é que estes produtos têm prazo de validade. Não é que o creme esteja estragado, a embalagem é que não vale nada e não aguenta "o teste do tempo". Vai daí, tendo eu ainda o boião do creme anterior junto ao lavatório, começo a espremer o creme para dentro do boião e eis que a embalagem parte de vez e salta creme para todo o lado: para a bancada, para o cabelo, até para as bainha das calças de ganga!
 
Sim, eu faço estas coisas quando já estou vestida e pronta para sair. E fazê-lo já é um milagre! La tive de estar a lavar as calças e o cabelo antes de sair e aproveitar o máximo possível do creme restante na embalagem - estimo que ainda dure pelo menos um ano o creme que lá está, o que me vai permitir poupar uns trocos neste tipo de produto, pelo menos para já.
 
Como se não bastasse isto, quando vou para apanhar o comboio apercebo-me de que deixei em casa a carteira com os documentos, onde, por sinal, está o passe. Vai de perder dez minutos a voltar a casa para ir buscar a carteira, que tinha ficado no bolso do casaco ontem à noite para economizar tempo esta manhã. Teria sido bem sucedida se não tivesse decidido trocar de casaco hoje e me tivesse esquecido completamente que a carteira estava no bolso do outro casaco.  Resultado: perdi o comboio e acabei por chegar tarde ao trabalho - mas avisei, ok?
 
Para muitas pessoas, estas poderiam ter sido boas razões para ter o dia estragado, mas eu gosto de ver o lado positivo da coisa. Não me perguntem qual é, mas há tanta coisa pior na vida, porque é que me hei-de irritar porque o creme além de me hidratar a cara hoje hidratou também as calças, o cabelo e a bancada? Ou porque me esqueci do passe em casa e tive de voltar para o ir buscar? Todos os males fossem esses. Pior é ser sem-abrigo e viver na rua ou passar fome ou ter uma doença grave. O resto são soluços que nos acontecem de vez em quando, estes foram os meus.
 
Como reage quando acontece algo inesperado e que acaba por o atrasar? Que "soluços" já teve e como os resolveu?

Sem comentários:

Enviar um comentário