sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O que de verdade importa

Hoje apanhei um susto.

Uma pessoa de quem gosto muito estava incontactável desde ontem e ninguém sabia o que se passava. Como eu sou uma das poucas pessoas que essa pessoa conhece aqui, perguntaram-me se sabia dela. Mas a última vez que tínhamos falado tinha sido ontem também. 

Quando entrei em contacto com a entidade patronal e percebi que a pessoa não tinha ido trabalhar, entrei em pânico. Sabem aquelas pessoas que nunca falham? Esta é uma pessoa dessas. As colegas diziam-me que deveria ter adormecido, só podia, mas a minha cabeça não conseguia conceber essa hipótese porque nunca adormece, nunca falha.

Até ao dia em que adormeceu e o telemóvel pifou e não acordou. Saí disparada do trabalho para casa da pessoa sem saber o que iria encontrar e em pânico, porque mais depressa acreditamos no pior do que na hipótese mais plausível de desta vez, só desta vez, ter adormecido. 

Muitas vezes dou por mim a pensar que quem vive sozinho, independentemente da idade que tenha, acaba por ter sempre uma desvantagem em relação aos demais: se cair na banheira não está lá ninguém para ajudar, se escorregar na cozinha não está lá ninguém para amparar, se for assaltado à porta de casa dificilmente alguém se importará com os nossos gritos. 

O Homem não é uma ilha e não nasceu para viver sozinho, nasceu para viver em comunidade e acompanhado, para ter um/a companheiro/a, para ter alguém que dê pela sua falta, para ter alguém que se preocupe consigo, para ter alguém que deixe tudo para ir em seu socorro, porque há coisas mais importantes do que o dinheiro ou a agenda social ou o trabalho, que é a vida de quem gostamos.

Já pensou quantas pessoas deixariam tudo para vir em seu auxílio, se precisasse? Para quem liga quando algo de mal - ou bom - acontece e quer partilhar? Quem ou quantos dos seus amigos estariam dispostos a largar tudo naquele preciso momento para o socorrer, seja de que forma for? E por quem deixaria tudo, por quem iria onde fosse para ajudar e proteger? 

Pense nisso. 

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