Vinha eu agora para a biblioteca fazer tempo e fingir que trabalho um bocadinho - sim, que lá por não estar em Portugal isso não significa que o trabalho não se faça, só que agora não me apetece, pronto - quando me cruzei com um dos muitos autocarros da cidade e percebi que este tem um suporte para bicicletas à frente do veículo.
Em Portugal, quem anda de autocarro e quer transportar uma bicicleta consigo tem alguma dificuldade em fazê-lo. No caso da Carris, em Lisboa, por exemplo, além de só o poder fazer em cinco rotas específicas e em determinadas alturas - fora das horas de ponta - está sujeito ao espaço disponível dentro do autocarro e aos olhares reprovadores das senhoras idosas que vêm nas bicicletas um perigo que as ameaça de cada vez que colocam um pé fora de casa.
O autocarro que vi apresenta diversas vantagens aos ciclistas que queiram viajar mais confortáveis, a começar pelo facto de não terem de levar a bicicleta para dentro do autocarro. Isso significa que existe mais espaço para as pessoas - que são quem deve andar dentro do veículo, convenhamos - e para mais pessoas. Além disso, viajar com a bicicleta num sistema de apoio criado para esse efeito torna também a viagem mais segura, uma vez que o ciclista não tem de ir agarrado à bicicleta para evitar que esta caia em caso de travagem brusca. É verdade que os autocarros da Carris que permitem o transporte de bicicletas - serviço conhecido como Bike Bus - possuem uma braçadeira de velcro para segurar a bicicleta, mas uma grelha à frente parece-me muito mais eficaz.
Apesar das vantagens desta alternativa, confesso que o que me deixou a pensar foi a necessidade de um autocarro ter um dispositivo destes, porque trata-se de um autocarro suburbano e não de um de longo curso. Se uma pessoa decide deslocar-se de bicicleta porque motivo vai andar de autocarro é o que me custa a entender. Salvo raras excepções - caiu e magoou-se ou está impedido/impossibilitado de regressar de bicicleta por qualquer razão maior - não consigo entender a opção. Se bem que, no meu caso, morando num monte, ter um autocarro com isto era óptimo, porque podia descer o monte na bicicleta e regressar no autocarro. Mas numa cidade plana, custa-me a compreender.
Assim, lembrei-me de fazer uma lista de seis vantagens de trocarmos o transporte público ou o carro pela bicicleta:
1- Se moramos relativamente perto do local de trabalho, ir de bicicleta ou a pé poupa dinheiro - em combustível e na manutenção do carro ou no passe do autocarro ou do metro;
2- Ajuda-nos a poupar tempo em esperas desnecessárias - quão irritante é vermos a traseira do autocarro a afastar-se e só termos outro 20 minutos depois? - e em voltas para estacionar o carro num lugar gratuito - isso ainda existe em Lisboa?
3- Diminui o stress - acabaram-se as filas de trânsito, os condutores lentos e os semáforos que só estão abertos cinco segundos;
4- Beneficia a saúde e ajuda a poupar em ginásio;
5- Vários especialistas indicam que fazer exercício logo pela manhã ajuda a aumentar a produtividade no trabalho;
6- Diminuição da poluição atmosférica;
Mas ir para o trabalho ou às compras de bicicleta implica algumas medidas de segurança a ter em conta. É que, infelizmente, os condutores portugueses ainda não aprenderam que a estrada não é só deles e o número de atropelamentos a ciclistas aumentou este ano, com a entrada em vigor do novo código da estrada, que dá mais espaço na estrada aos ciclistas. Não serve de nada adoptar um meio de transporte saudável e económico se depois tem de gastar dinheiro em médicos e tratamentos. Por isso, não se esqueça do colete reflector, do capacete, das joelheiras, das cotoveleiras e das luvas, nem dos espelhos retrovisores e das luzes e reflectores.
Já ponderou ir de bicicleta para o trabalho ou quando vai fazer compras ou outras actividades? Já o faz? Conte-nos os prós e os contras desta opção e partilhe a sua experiência nos comentários.
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